Por Marcos Pivari -14 de janeiro de 2021 Compartilhar
Em 2020 nos deparamos com mais discussões sobre o assunto e mais locais que retiraram seus apoios a motor homes, trailers e outros RVs. A cultura do “0800” (ou acampamento grátis) juntamente com o não entendimento do que seria um “apoio” vem causando problemas nas cidades turísticas e cada vez mais sanções à modalidade. Para onde vamos? Qual o caminho para não prejudicarmos a modalidade? (Nas fotos deste artigo, buscamos preservar a identidade dos RV’s, pois não é nosso foco tratar de casos isolados ou pessoas específicas)
Toldo, mesa, cadeiras e churrasqueira em pleno bolsão de estacionamento
No final do ano circulou nas redes sociais e grupos privados a notícia de que a Casa Valduga em Garibaldi havia retirado o apoio para RVs de sua propriedade. O motivo seria o uso indiscriminado do local por dias, onde o caravanista teria acampado gratuitamente, utilizado água e luz a vontade e se retirar sem nenhum tipo de agradecimento ou retribuição à Vinícola que vinha graciosamente oferecendo uma opção de pouso em uma cidade que não contava com camping nenhum. Alguns outros incidentes aconteceram ali no momento de sua saída. Durante a repercussão, Bento Gonçalves, vizinha do vale dos vinhedos, que também não possui camping, teria não mais aceitado caravanistas junto ao estacionamento da estação turística. O local que oferecia segurança para pessoas que apenas estacionavam e pernoitavam seus RVs, vinha sendo utilizado para verdadeiros acampamentos com abertura de toldos, instalação de mesas, cadeiras e churrasqueiras, chegando até mesmo ao ponto dos usuários EXIGIREM luz elétrica e água. Algo que em situações especiais, fora do horário de funcionamento e em caráter excepcional era oferecido, acabou sendo encarado como “normal” pelo público que ficou sem mais uma opção de pernoite após tais “exigências”. É claro que em locais remotos, desertos ou de pouca circulação, fica mais “viável” um acampamento selvagem mais “espalhado”. Mas em grandes centros ou pontos de interesse turístico muito frequentados, vale sempre a menor interferência.
AUTONOMIA: Um veículo de recreação foi projetado para ter uma autonomia de água e luz para ao menos durante uma noite ou um dia. Suas instalações internas como quarto, cozinha e banheiro garantem uma independência que pode ser curtida no interior do mesmo se limitando ao espaço de estacionamento de qualquer veículo. Porém, mesmo com a tecnologia cada vez mais avançada principalmente no quesito “energia solar”, a cada dia a comunidade caravanista “exige” e faz uso de energia elétrica e água externos mesmo em locais públicos ou então privados que oferecem “apoio”.
O “gato” resistiu à luz do dia e não perdoou a cliclovia
APOIO: Um apoio significa LOCAL PARA ESTACIONAR O RV. Opcionalmente ao local, pode ser oferecido água e até mesmo luz elétrica. Ambas podem ou não ser cobradas de acordo com o DESEJO DO LOCAL. Assim como outros agrados ou mesmo atrativos, sempre serão oferecidos pelo proprietário local, sendo que o valor a ser cobrado (mesmo que gratuito) também será de total escolha do mesmo. NÃO DEVE SER EXIGIDO.
Vila de RV’s em Local público em Paraty-RJ
ENERGIA ELÉTRICA: Como caravanistas, sabemos que as duas “riquezas” que garantem total comodidade em um trailer ou motor home são “água e luz”. Porém é importante entender que UM PONTO DE APOIO NÃO NECESSARIAMENTE PRECISA OFERECER TOMADA ELÉTRICA. Dentro de um período de pernoite, dentro dos quesitos de autonomia interna de cada veículo, o que um caravanista necessita é de um local seguro para dormir sossegado. Assim, postos de combustível, mega-lojas, mercados, estacionamentos e etc podem ser locais de ótimo acolhimento e que na maioria das vezes NÃO OFERECERÃO ÁGUA E LUZ.
“GATO” já feito em definitivo
Situação da fiação do poste de iluminação da cidade após tantas gambiarras.
CONSCIENTIZAÇÃO: Ultimamente, de acordo com nossos feedbacks de avaliações de pontos de apoio e campings via APP MaCamp ou website, não é incomum ver caravanistas desconsiderando locais como “pontos de apoio” por não oferecerem tomada de luz. Pior ainda, telefonam ou chegam “exigindo” tal atrativo levando a uma reação extrema dos proprietários dos locais de não mais permitirem acesso de motor homes em suas áreas.
POSTOS DE COMBUSTÍVEL: Muito se fala que postos de estrada “deveriam” ser preparados para acolher RVs. Pois a maioria é preparada! Afinal de contas, quantos postos não acolhem caminhoneiros em seus pátios, muitas vezes oferecendo vigias e segurança a noite? Ocorre que os caminhoneiros não exigem tomadas de luz e contam com o livre uso de água nas bombas. E é claro e óbvio, consomem combustível ou até refeições naquele estabelecimento. É assim que os donos de postos podem ter condições financeiras de oferecer pátio e segurança gratuitos. Portanto, já que estamos apenas pernoitando para descansar da viagem e retornar no dia seguinte, porque não fazermos uso apenas dos recursos de nossas autonomias? Ao chegar no local, abasteça já perguntando se pode pernoitar ali junto aos demais caminhoneiros. Aproveite a água (quase sempre gratuita) ali na bomba para encher as caixas d’água e se possível utilize-se do restaurante e lojas de conveniência como forma de retribuição. Lançar água servida não será algo ruim se você procurar uma vaga junto a um canto ajardinado ou ao lado de uma boca de lobo – algo tão corriqueiro nos postos. E se caso o local oferecer mimos como luz elétrica, use com educação, moderação e responsabilidade.
O Resultado é a reação dos municípios.
COMPORTAMENTOS REPROVÁVEIS: Diversos são os comportamentos vistos por aí que não só mancham a reputação dos caravanistas, como também criam impedimentos da parte de moradores e prefeituras. Não é incomum vermos cidades do litoral de SC e do PR que já proíbem estacionamento e até circulação de motor homes. O mesmo começa a ocorrer em diversas regiões do Brasil, onde não faltam flagrantes.
Trailer ocupando faixa de rodagem, toldo aberto sobre a calçada que era ocupada por mesa e cadeiras. Até as janelas basculantes estavam abertas para o leito carroçável.